Diego Peres Neto

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Diego Peres Neto

Professor do Departamento de Zootecnia

Nas primeiras reuniões que o professor Diego Peres Neto participava no Departamento de Zootecnia, do Centro de Ciências Agrárias (CCA), os professores mais velhos achavam que ele era um aluno. Desde 2009 na UFSC, Diego é daquelas pessoas que aparentam menos idade do que realmente têm, mas não é estranho à diversidade ou ao diverso, uma convivência já iniciada na época de sua pós-graduação em São Paulo, na Unesp.

Natural do Rio Grande do Sul, Diego nunca tinha saído do Estado. Sempre morou e estudou lá. Quando foi para São Paulo se deparou com coisas novas, situações novas, outras culturas. No curso que fazia havia estudantes de todo o Brasil e, para alguém de 26 anos, o choque cultural ficou evidente. “Para mim aquilo era algo novo e, ao mesmo tempo, um período muito importante na minha vida”.

Aquela convivência, lembra Diego, foi essencial, até para a profissão nos dias de hoje. “Quando você é acostumado só no seu Estado, conviver com pessoas do Mato Grosso, Mato Grosso do
Sul, Rio de Janeiro e da própria São Paulo, faz com que a diversidade entre na sua vida com mais intensidade, especialmente para um gaúcho, que tem a questão cultural muito enraizada”.

Aqui na UFSC, Diego diz que tem percebido a diversidade com mais evidência de uns dois anos para cá, principalmente pela questão das cotas, que se trabalha com mais ênfase, e pelo Sistema de Seleção Unificada. “Temos alunos com ingresso via SISU que vem de estados mais distantes, como Minas e São Paulo, e de muitas cidades do interior de
Santa Catarina. Cada um vem com a sua bagagem e a sua cultura para cá”.

Os quilombolas, por exemplo, são uma experiência nova para o CCA, que tem quatro cursos: Zootecnia, Agronomia, Ciência e Tecnologia dos Alimentos e Engenharia de Aquicultura. Diego lembra que no ano em que assumiu a coordenação de Zootecnia, uma aluna quilombola veio junto com a assistente social para fazer a matrícula. “É aí que a gente percebe claramente o diverso. Somos um curso inserido no meio de vários, mas que representa um pouco do que está acontecendo. Com certeza há uma diversidade crescente na UFSC”.

Diego Peres Neto é do tipo de professor que se preocupa com o aluno. Volta e meia chama os estudantes para conversar, faz uma triagem daqueles que ele acredita que precisam de ajuda e acompanha o desempenho deles.

“Muitos precisam de um auxílio extra. A gente tem que olhar muito pelo lado humano. Não dá pra atender todo mundo, mas também não pode deixar de enxergar os problemas. Faz parte, é uma diversidade. Hoje o perfil do aluno que entra na UFSC é diferenciado. Você tem que ter um olhar mais pontual sobre ele. E o que a gente quer é que o aluno permaneça aqui , faça um bom curso, se forme e tenha possibilidade de trabalhar e competir. Cabe à universidade dar as condições para que isso aconteça”.

E a UFSC, para Diego, também representa a realização de um sonho, a consolidação de uma carreira. “Sou zootecnista de formação. Quando terminei o doutorado e comecei a procurar um local onde eu gostaria de trabalhar, a UFSC foi uma das minhas opções para fazer ensino, pesquisa e extensão. É uma instituição que traz estabilidade, dá segurança para desenvolver uma carreira. Abre caminhos, abre portas. Hoje você vai a qualquer lugar do Brasil e todos reconhecem a universidade, que é uma referência”.

Ser um professor jovem é um desafio, arremata Diego, porque você tem que ir construindo a sua carreira, mostrar a sua capacidade. Os mais velhos, às vezes, olham com um certo ponto de interrogação. “Mas nesses anos em que estou aqui o amadurecimento foi muito grande. Ninguém ensina você a ser coordenador de curso, não tem um cursinho preparatório para isso. Você adquire conhecimento na marra, na prática, é forjado. Você aprende a lidar com pessoas de diferentes culturas, origens, conceitos. Isso também é diversidade”.

 

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