Nelson Costa

NELSON_Vestibular_2017

Nelson Costa

Estudante de Educação Física

“Eu costumo dizer que comecei as coisas de trás pra frente. Hoje eu sou aposentado pelo Corpo de Bombeiros, e fui nadador estadual e em nível nacional também. Mas nunca tive oportunidade de fazer uma faculdade, porque tive que escolher entre trabalhar ou estudar. Então minha opção foi trabalhar, mas sempre praticando esportes. Com a chegada da minha aposentadoria e o apoio de uma pessoa muito especial na minha vida, eu fiz o vestibular da UFSC. Mas fiz sem compromisso, já tinha até me esquecido dessa questão de fazer uma faculdade. E passei no vestibular, passei até muito bem, e agora estou realizando um sonho antigo que é a Educação Física.

Eu vejo que os anos passaram, mas eu estou vivendo uma segunda juventude. Estou com 61 anos, mas junto com essa gurizada da Universidade eu sinto que não envelheci espiritualmente, só fisicamente. Fisicamente não tem jeito, a gente vai se desgastando.

A Educação Física sempre foi pontual na minha vida, não consigo ficar fechado entre quatro paredes. Então uma coisa puxou a outra: comecei a nadar como lazer e depois passou a ser um esporte. Meu auge na natação foi em Blumenau, quando eu nadava para sobreviver, tinha que manter minha estadia e alimentação. Com o amadurecimento na natação e a chegada da idade, eu tive que me especializar, porque a carreira de atleta é relativamente curta. A opção que eu tive foi ingressar no Corpo de Bombeiros, na área de busca e salvamento. Aos 22 anos eu entrei na corporação e permaneci por mais 30. Hoje é que eu realmente estou aprendendo sobre as funções orgânicas, as reações que o corpo sofre durante a prática do esporte. Por isso eu digo que fiz a coisa invertida, primeiro pratiquei para depois estudar.

O que eu observei aqui na Universidade é que existe um discurso muito forte de inclusão, de integração. É uma didática da Universidade incluir o preto, o branco, o pobre, o rico. Só que aqui dentro também existem as tribos, e nessas tribos você pode ser excluído por não ser semelhante aos outros. No primeiro momento eu senti uma certa resistência na convivência com uma pessoa de 61 anos. A questão do ritmo, das ideias e, de certa maneira, eu me sentia desatualizado em relação a algumas coisas que eles faziam e que eu queria reprimir. Então as arestas estão sendo aparadas. Hoje, na sexta fase, a maioria aceita, e estou conseguindo penetrar nas diversas tribos. Eu posso dizer que estou integrado. Ainda não é o ideal, ou talvez seja o ideal possível, mas não o imaginável. É um processo de evolução pelo qual a gente passa.

O esporte te dá condição de ser uma pessoa melhor, desenvolve um cidadão, desenvolve disciplina, e, acima de tudo, você cria um laço de amizade muito grande através do esporte.

O esporte é vida.”